O capitalismo acabou. O comunismo também. Independentemente da vertente política que acreditamos viver, ela também chegou ao fim. Atualmente, estamos vivenciando o Tecnofeudalismo. Pelo menos, é isso que afirmam diversos estudiosos sobre o assunto. Se essa ideia faz sentido ou não, você poderá decidir ao final deste artigo.
Introdução ao Tecnofeudalismo
Hoje, vou apresentar o conceito de tecnofeudalismo, um sistema político controlado pelas gigantes da tecnologia, como Apple, Microsoft, Meta, Google, Amazon e outras. Essa teoria foi introduzida por Cédric Durand, um economista francês que define o tecnofeudalismo como o domínio das mega-plataformas que criam dependência e controle no mundo. Segundo Durand, estamos acompanhando uma acumulação escandalosa de lucros por parte das Big Techs e dos tecnoditadores.
Quem também aborda essa temática é Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia, em seu livro “Tecnofeudalismo: O que Matou o Capitalismo”. Para compreendermos essa discussão, precisamos explorar alguns conceitos básicos.
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Capitalismo e Feudalismo
O capitalismo, segundo Yanis, é um sistema cujo ponto focal é o capital. Nessa abordagem, os mais ricos e poderosos utilizam os menos favorecidos para gerar rendimento sob a forma de lucro. Já o feudalismo, também definido por Yanis, baseia-se na ideia de que pessoas com bens materiais cobram de outras pelo uso desses bens e serviços. No feudalismo, os poderosos vivem de renda, não de lucro, e essa é uma diferença crucial.
Cory Doctorow, consultor especial da Electronic Frontier Foundation, aponta que o lucro é vulnerável à concorrência, mas a renda não. Em seu exemplo, ele explica: “Se você tem uma cafeteria, outras cafeterias abertas em seu quarteirão são uma ameaça competitiva que pode corroer suas margens de lucro. Mas se você é dono do prédio onde a cafeteria está, as novas cafeterias no quarteirão aumentam o valor da propriedade e, consequentemente, o aluguel que você pode cobrar”.
O Feudo da Amazon
Nesse contexto, a Amazon é vista como um exemplo perfeito de tecnofeudalismo. Varoufakis compara fazer compras na Amazon a visitar o centro de uma cidade movimentada, repleta de lojas geridas por empreendedores independentes. Basicamente, a Amazon funciona como um feudo que vive da renda gerada por esses empreendedores.
Um exemplo similar é o iFood, que opera como uma praça de alimentação virtual com seu próprio feudo tecnológico. A renda de empresas como Amazon e iFood vem das taxas que cada empreendedor precisa pagar para operar dentro de seus serviços.
Cloudalistas
Yanis Varoufakis também utiliza o termo “cloudalistas” para descrever gigantes da tecnologia que vendem serviços de nuvem. Empreendedores precisam sobreviver dentro dessa “nuvem” controlada por corporações gigantescas, que têm o poder de destruir um negócio com poucos cliques. O tecnofeudalismo também é acusado de matar ou se apropriar de inovações, comprando qualquer concorrência potencial para manter seu domínio intacto.
Sua Vida Dentro do Tecnofeudo
Você já pensou como sua vida está imersa em um tecnofeudo? Seus dados privados e os de sua família estão com o Google, suas conversas estão nas mãos da Meta, e sua vida digital é controlada pela Apple ou Samsung. A empresa onde você trabalha depende dos servidores da Amazon, e sua alimentação é gerenciada pelo iFood. Até seu sono é monitorado por aplicativos do Google e da Apple. Basicamente, é impossível escapar das Big Techs no tecnofeudalismo, mesmo para se comunicar offline com amigos.
Números do Tecnofeudo
Para ter uma ideia da dimensão desse tecnofeudo, considere que Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (Google) e Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) juntas valem cerca de US$ 8,27 trilhões. Esse valor supera o Produto Interno Bruto (PIB) de quase todos os países do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e a China. A Apple sozinha tem um PIB maior que o do Brasil, e a Alphabet, do Google, é maior que a Arábia Saudita, a maior exportadora de petróleo do mundo. Enquanto países têm suas leis e diretrizes limitadas por fronteiras, o poder e as regras das Big Techs se aplicam globalmente.
Conteúdo Extra:
Perguntas Frequentes (FAQ)
Tecnofeudalismo é um conceito introduzido por economistas como Cédric Duran e Yanis Varoufakis, que descreve um sistema político e econômico dominado por grandes empresas de tecnologia, como Apple, Microsoft, Google e Amazon. Essas empresas controlam vastas áreas da economia e da vida pessoal através de plataformas tecnológicas, criando dependência e controle.
Enquanto o capitalismo é baseado na geração de lucros por meio da exploração do trabalho e do capital, o tecnofeudalismo se baseia na geração de renda através do controle de plataformas e serviços tecnológicos. No tecnofeudalismo, as grandes empresas tecnológicas cobram taxas pelo uso de seus serviços, similar ao modo como os senhores feudais cobravam pelo uso de suas terras.
O artigo menciona a Amazon e o iFood como exemplos de tecnofeudos. A Amazon é comparada a um centro de cidade onde empreendedores independentes gerem lojas, mas pagam taxas à Amazon. O iFood é descrito como uma praça de alimentação virtual que cobra taxas dos restaurantes para operarem na sua plataforma.
Cloudalistas é um termo usado por Yanis Varoufakis para descrever as grandes empresas de tecnologia que oferecem serviços de nuvem, como Amazon Web Services, Google Cloud e Microsoft Azure. Essas empresas controlam vastas infraestruturas digitais, e os empreendedores precisam usar esses serviços para sobreviver, criando uma nova forma de dependência econômica.
O tecnofeudalismo pode matar ou se apropriar de inovações. Quando surge uma nova concorrência ou inovação que possa ameaçar um feudo tecnológico, as grandes empresas tendem a comprar essas inovações para manter seu domínio, impedindo o surgimento de concorrência real.
No tecnofeudalismo, muitos aspectos da sua vida são controlados por grandes empresas de tecnologia. Seus dados pessoais, suas conversas, sua vida digital e até sua alimentação são gerenciados por empresas como Google, Meta, Apple e iFood. Isso cria uma dependência quase total dessas plataformas para diversas atividades diárias.
As grandes empresas de tecnologia têm um valor de mercado conjunto de trilhões de dólares, superando o PIB de muitos países. Esse poder econômico permite que elas influenciem políticas e regulamentos globais, muitas vezes com mais eficácia do que os próprios estados nacionais.
Alguns estudiosos acreditam que ainda vivemos em um sistema capitalista com mudanças geracionais, enquanto outros defendem que o tecnofeudalismo representa um novo paradigma econômico. A discussão está em aberto, considerando as diferenças contextuais e tecnológicas entre os períodos em que esses termos foram cunhados e o mundo atual.
Para mais informações, você pode procurar livros e artigos de economistas como Cédric Duran e Yanis Varoufakis, além de análises de especialistas em tecnologia como Cory Doctorow. Artigos e discussões em sites especializados em economia e tecnologia também são boas fontes.
Conclusão
O tecnofeudalismo é uma teoria em crescimento. No entanto, ainda existem estudiosos que discordam e afirmam que ainda vivemos em um sistema capitalista, apenas com algumas mudanças geracionais. Afinal, os termos capitalismo e comunismo foram cunhados em um contexto histórico muito diferente do mundo tecnológico atual. E você, o que pensa sobre isso? Achou interessante a teoria do tecnofeudalismo? Deixe sua opinião nos comentários para continuarmos essa conversa.
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